O suicídio é uma problemática de saúde pública que atinge silenciosamente milhares de vidas ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio mata mais pessoas anualmente do que HIV, malária ou até câncer de mama. Neste ano, o Setembro Amarelo chega novamente com o propósito de despertar a sociedade e os profissionais de saúde para a necessidade de apoiar, acolher e agir na prevenção da violência autoprovocada.
"Hoje, no Setembro Amarelo 2025, queremos reforçar uma mensagem fundamental: falar é o melhor caminho. Muitas vezes, um gesto simples, como ouvir com empatia e acolher sem julgamento, pode fazer toda a diferença na vida de alguém", afirma da interventora, Giordana Biancon Gandolfi.
O que é violência autoprovocada?
A violência autoprovocada é definida como toda agressão intencional praticada pela própria pessoa contra si mesma. Esse ato pode se manifestar de diferentes formas:
Ideação suicida: pensamentos persistentes sobre morte ou sobre tirar a própria vida;
Tentativas de suicídio: quando a ação é iniciada, mas não consumada;
Automutilações: ferir-se intencionalmente, mesmo sem intenção suicida, mas que pode progredir para outros quadros;
Cada um desses comportamentos é um sinal claro de sofrimento e um pedido silencioso de ajuda que não pode ser ignorado.
Fatores de risco: os desafios enfrentados por muitos
Os motivos que levam à violência autoprovocada são complexos e resultam frequentemente de múltiplos fatores, como:
Tentativas anteriores: em Santa Catarina, estima-se que uma pessoa faça, em média, sete tentativas antes de consumar o ato;
Transtornos mentais, como depressão, ansiedade e abuso de substâncias (álcool e drogas);
Violência doméstica ou abuso psicológico, físico ou sexual;
Luto, perdas recentes ou isolamento social;
Desemprego ou dificuldades financeiras;
Acesso a meios letais, como medicamentos, armas ou pesticidas.
Para os especialistas, a tentativa prévia é o principal indicador de risco para uma nova tentativa. Por isso, é preciso atenção redobrada a essas pessoas.
Como os profissionais de saúde de Biguaçu podem atuar?
Os profissionais têm um papel essencial na prevenção e no cuidado de casos de violência autoprovocada. Isso começa com a identificação precoce e a abordagem empática, perguntando de forma direta e sensível: "Você tem pensado em se machucar ou tirar a própria vida?"
Essa pergunta é mais que necessária – é um primeiro passo para abrir o diálogo e proporcionar acolhimento. Contudo, é fundamental observar sinais de alerta, como isolamento social, mudanças bruscas de comportamento e automutilações visíveis.
"Como profissionais e como comunidade, nosso papel vai além do cuidado técnico – ele passa pelo acolhimento humanizado e pela sensibilidade ao sofrimento do outro. Acolher é um gesto de cuidado. Mais do que isso, devemos lembrar que a notificação de casos é uma ferramenta indispensável para prevenir novos episódios e fortalecer as redes de apoio", relata Ana Flávia de Almeida, secretária de Saúde do município.
O que fazer:
Acolher sem julgamento: escute de maneira ativa e validando o sofrimento da pessoa. Evite frases como "isso é fraqueza" ou "pense positivo";
Avaliar o risco imediato: Pergunte sobre planos definidos, acesso a meios letais e tentativas recentes;
Intervir com rapidez: em situações de risco iminente, encaminhe imediatamente para atendimento de urgência. Em ambientes hospitalares, classifique como prioridade, seguindo protocolos como o do Protocolo Catarinense de Acolhimento com Classificação de Risco.
Além disso, pacientes sem risco iminente exigem acompanhamento contínuo, vínculo terapêutico e cuidado integrado, articulado com a Rede de Atenção Psicossocial.
O suicídio já é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, segundo dados da OMS. No Brasil, a situação é preocupante: entre 2016 e 2021, houve um aumento de mais de 49% nas taxas entre adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% em crianças de 10 a 14 anos. Esses números reforçam a necessidade de criar estratégias locais de prevenção que envolvam a comunidade, a rede de saúde e todas as instâncias sociais.
Cada profissional e agente de saúde deve seguir este fluxo de cuidado:
Identificação: observar e relatar sinais de sofrimento;
Acolhimento: escutar sem julgamentos;
Avaliação de Risco: classificar casos entre risco iminente e necessidade de acompanhamento posterior;
Encaminhamento imediato ou ambulatorial;
Notificação: registrar o caso para vigilância e monitoramento.
Como parte desta mobilização, o Hospital Regional de Biguaçu Helmuth Nass convida você para uma palestra fundamental no combate à violência autoprovocada:
Tema: "O papel da notificação na prevenção da violência autoprovocada"
Palestrante: Enfermeira Monique Meneses, responsável pela Vigilância de Violências Interpessoais e Autoprovocadas da DIVE/SC.
Data: 23 de setembro de 2025
Horário: 14h
Local: Auditório do Hospital Regional de Biguaçu Helmuth Nass
Esse encontro será uma oportunidade importante para debater estratégias e práticas eficazes para prevenir o suicídio em nossa comunidade – um passo crítico para transformar vidas.